Open Banking muda relação entre bancos e clientes
As operações bancárias no Brasil passam por um momento de transformação profunda. Em 2021, as maiores instituições financeiras que atuam no País deram início à implementação do Open Banking, mais um passo significativo em uma era que coloca o cliente no centro do desenvolvimento de novas soluções para o setor.
Atualizado em novembro de 2021O Open Banking é um movimento global que promove o direito de os clientes compartilharem suas próprias informações financeiras com terceiros, permitindo aos bancos a criação de modelos de negócio inéditos e a transição de uma cadeia de valor vertical para um ecossistema aberto.
Esse movimento é decorrente de mudanças tecnológicas, regulatórias e, em especial, de comportamento dos clientes. Embora o Brasil ainda esteja no processo de implementação, o Open Banking vai acelerar e remodelar o setor bancário de maneira disruptiva.
O conceito de Open Banking pode ser entendido como parte de uma mudança mais ampla, que vai muito além da sua própria indústria, em direção a uma economia que reconhece que a propriedade de dados é do indivíduo e não das instituições financeiras. Assim, as estratégias tradicionais centradas no produto são substituídas por proposições emergentes focadas no valor do cliente, resultando em uma mudança positiva para todos os agentes do setor.
O mercado financeiro vem se transformando intensivamente ao longo dos últimos anos e alguns drivers de transformação contribuem para o movimento do Open Banking: inovação tecnológica; mudança no comportamento dos clientes e a entrada de novos players de mercado. Podemos entender que o Open Banking é um catalisador dessas mudanças impulsionado por um novo marco regulatório que possibilitará novos modelos de negócio, facilitados por essas forças, e que levarão a mudanças sensíveis na dinâmica do mercado.
Para o Open Banking funcionar, é preciso que as instituições financeiras encarem a implementação de suas diretrizes para além dos requerimentos regulatórios e do mero compliance demonstrando os benefícios reais proporcionados aos clientes que aderirem ao compartilhamento de dados – principalmente o impacto positivo que a iniciativa pode ter na saúde financeira deles.
O Open Banking ainda está em implementação no Brasil e, por ser uma iniciativa relativamente recente, ainda não podemos observar seus efeitos completos. Entretanto, há algumas valiosas lições que podemos aprender com outros países que já implementaram o conceito: a mais importante delas é entender as necessidades dos clientes e seus anseios de forma holística – não apenas na perspectiva da experiência bancária, mas também na definição do papel do banco em um novo contexto de mercado. A indústria bancária brasileira, que sempre se caracterizou pela busca das melhores práticas globais e pela vanguarda tecnológica, saberá certamente enxergar e aproveitar essa grande oportunidade de transformação.
*Sergio Biagini é sócio-líder da Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte