Operação e invenção: um equilíbrio entre dois polos
Para CEO da Deloitte, medidas gerenciais adotadas durante a pandemia foram essenciais para lidar com a crise – mas a realidade à frente exige, especialmente dos CEOs, um novo modo de pensar.
Julho-Setembro | 2020A crise atual é possivelmente uma das piores da história do capitalismo – e das mais particulares. Primeiro, ela parte de uma ameaça real a bilhões de vidas: uma pandemia. Como ameaça humanitária, forçou ao isolamento social pessoas do mundo todo, num contingente impensável. Assim, interrompeu a rotina presencial que, desde os bazares da Pérsia e a Ágora grega, abrigou as lógicas de fazer negócios. Dois milênios depois, a revolução digital sustentou boa parte desse ambiente: assumindo de vez seu lugar, inclusive, nos modos de trabalho. Mas não seria capaz de desarmar a crise econômica. Como gerir uma empresa nesses tempos? Exercícios de previsibilidade, adaptação de operações, foco no fluxo de caixa e proteção dos profissionais estão na receita.
São, todos, modos de operar. É crucial, também, adotar novos modos de pensar. As disrupturas que transformavam o mercado juntam-se, agora, a uma realidade crítica, que exige outra postura, a começar dos CEOs. É preciso exercer uma liderança que trabalhe simultaneamente com foco no curto e no longo prazos, atuando sobre a conjuntura atual e a transformação disruptiva que vai se estabelecer no futuro – é o conceito de “ambidestria” que o artigo desta edição de Mundo Corporativo disponibiliza, a partir de nossa parceria com o portal Deloitte Insights.
Para navegar com agilidade e direção na turbulência, deve-se ter foco na eficiência operacional e empenho na atitude inovadora. Como combiná-las? De um lado, há a clareza fria dos números. De outro, a tensão criativa, vaga e caótica, que impulsiona o avanço. O CEO inabalável será aquele que aceita essa contradição e, ambidestro, ativa e equilibra esses dois polos. Mais do que isso: capta a mudança de comportamento e a desdobra entre os profissionais, para levá-la à cultura da empresa.
É urgente. Por isso, Mundo Corporativo cede espaço a estes temas – em linha com o papel da Deloitte de fomentar, também pelo conhecimento, a transformação dos mercados. Nossa principal reportagem aborda como diversas empresas têm vencido os desafios da crise atual. A ambidestria e seu papel decisivo na postura de CEOs estão no artigo amplo que citei anteriormente. Também retratamos o momento ímpar para o setor de tecnologia, mídia e telecomunicações – e os resultados da pesquisa “Respostas à crise da Covid-19”, um estudo esclarecedor.
Boa leitura.
Altair Rossato
CEO da Deloitte