O auditor do futuro é digital

Quando alguém pensa em um auditor, provavelmente a primeira imagem que vem à cabeça é de um profissional curvado sobre um laptop, com uma planilha aberta, examinando colunas infinitas de números. Na nova era digital, essa imagem está completamente desatualizada. Hoje, a marca registrada de um auditor eficaz não é a aptidão para classificar grandes quantidades de informações manualmente; é a capacidade de gerir relacionamentos, pensar criticamente e alavancar ideias inovadoras e tecnologias de ponta.

Antes, era muito comum os auditores serem definidos como pessoas que viviam “se afogando em números”. A tecnologia e os dispositivos digitais de modo geral tiveram um impacto enorme na profissão. Graças a novas ferramentas e recursos, os auditores podem trabalhar de forma mais inteligente e eficaz – entre si e com os clientes.

Preparando o cenário para o futuro

Das ferramentas de processamento de linguagem natural aos drones operados remotamente, as auditorias estão passando por uma transformação inédita. Ferramentas com base em aprendizado de máquina podem analisar rapidamente centenas de documentos e identificar as principais áreas de interesse em uma fração do tempo que demorava há dez anos. O que exigiria dias de revisão, agora acontece quase em tempo real.

Da mesma forma, as ferramentas mobile reinventaram o processo de inspeção de ativos (como estoques, propriedades, instalações e equipamentos). Certos aplicativos permitem que os auditores conduzam contagens, capturem resultados e compartilhem as informações em tempo real com toda a equipe.

Mix de talentos

O surgimento de uma nova auditoria orientada por tecnologia reformulou a combinação de talentos – as habilidades e necessidades de desenvolvimento profissional do auditor evoluíram muito.

Como resultado, há hoje uma diversificação bem maior de perfis de auditores novos e já estabelecidos, que são contratados em instituições de ensino e escolas de negócios de todo o mundo.

Alfabetização tecnológica

Os futuros auditores não precisam ser programadores, mas devem ser fluentes em tecnologias emergentes e se sentir à vontade para analisar e apresentar fluxos robustos de dados. Tão importante quanto isso, precisam navegar com confiança no novo mundo digital, reconhecendo como e quando aproveitar novas tecnologias para melhorar a qualidade e o valor da auditoria.

Está cada vez mais claro que a tecnologia representa uma enorme oportunidade não apenas para fortalecer o processo de auditoria, mas para aprimorar o que ela revela e desbloquear percepções estratégicas mais profundas.

Além disso, desenvolver talentos que possam utilizar recursos de análise de dados mais avançados – desde a exploração até a visualização – é fundamental. Escolas de negócios e programas de certificação de auditores estão começando a introduzir iniciativas focadas nessas áreas. Já faz alguns anos que o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA) e a Rutgers University Business School anunciaram uma iniciativa de pesquisa que integra análises ao processo de auditoria e explora como essas informações podem melhorar a qualidade do trabalho.

Um teste importante para o auditor do futuro será sua capacidade de transformar dados brutos em percepções viáveis para colegas, clientes e mercado.

O toque humano

As novas tecnologias reduzem drasticamente o tempo necessário para captura e reconciliação de dados. No entanto, os auditores do futuro ainda precisarão dominar cada vez mais habilidades de comunicação e pensamento crítico para resolver problemas de forma proativa e gerenciar relacionamentos.

Esses auditores da próxima geração também precisam ser “mestres” em colaboração; devem estar dispostos e saber apoiar os membros da equipe em uma variedade de disciplinas. Isso não elimina a necessidade de profundo conhecimento do setor. A curiosidade individual de ficar a par das mudanças no cenário de negócios permanecerá essencial.

“Fortes habilidades interpessoais são fundamentais em todos os setores da era digital”, afirma Michele Parmelee, People & Purpose Chief Officer global da Deloitte. “Pense em todas as partes interessadas com as quais os auditores interagem. Eles devem ser capazes de ouvir e explicar, desafiar e construir relacionamentos em toda a organização.”

A profissão valorizará cada vez mais o bom senso e a capacidade de distinguir o sinal do ruído quando se trata de informação.

Assim como outras, a profissão de auditor está em constante evolução – e nos próximos cinco a seis anos, mudará mais do que nas últimas três décadas. O importante será conseguir acompanhar os avanços da tecnologia e, ao mesmo tempo, construir uma combinação dos melhores talentos.