Legado de liderança na pandemia
O distanciamento social imposto pelo contexto da Covid-19 tornou as empresas de tecnologia, mídia e telecomunicações ainda mais importantes para a sociedade. Para aproveitar os legados da crise, esses setores ainda terão de liderar muitas outras transformações desafiadoras.
Julho-Setembro | 2020De 2019 para 2020, a vista do mar foi substituída por uma tela de computador, para os participantes de um dos eventos anuais da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale). No ano passado, a instituição reuniu cerca de 300 pessoas no Museu do Amanhã, prédio debruçado sobre a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em um fórum para discutir formas de melhorar o combate ao câncer no Brasil por meio do uso mais inteligente de dados sobre a doença. Neste ano, o seminário presencial com o mesmo tema foi cancelado por causa da pandemia do novo coronavírus e ganhou uma versão online, em junho. O que o encontro perdeu em beleza da paisagem ganhou em acessibilidade. “Estamos prevendo um público bem maior, já que muitas pessoas interessadas nessa discussão e que não puderam viajar para participar da edição anterior agora conseguirão acompanhar a conversa facilmente pela internet”, diz o diretor executivo da Abrale, Fábio Fedozzi.
Assim como a associação que Fedozzi dirige, milhares de organizações e empresas em todo o mundo tiveram de encontrar, nos últimos meses, caminhos para seguir na ativa, ao mesmo tempo em que respeitam o distanciamento físico necessário para evitar uma disseminação explosiva da Covid-19. Nesse esforço inédito de adaptação, as organizações de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT) encontraram-se com o papel fundamental de oferecer à sociedade os meios e as mensagens necessárias para manter algum grau de funcionamento da economia.
Para a Abrale, por exemplo, a migração para o ambiente virtual foi possível graças a uma doação da Cisco, que concedeu uma licença do Webex Events, ferramenta que permite apresentações para até 3 mil pessoas.
A oferta fez parte de um conjunto de ações da empresa frente à pandemia, que incluiu a liberação temporária das funcionalidades pagas do Webex Meetings para qualquer usuário e a triplicação da infraestrutura de rede, para suportar a intensificação do tráfego. De fato, só nas três primeiras semanas de março, o uso global da ferramenta de reuniões foi 250% maior do que o de todo o mês de fevereiro. Do ponto de vista dos negócios, oferecer apoio aos usuários da ferramenta faz sentido tanto como missão quanto como estratégia comercial. “É importante que todos os clientes sofram o mínimo possível, para que estejam fortes quando a crise passar e possam voltar logo ao mercado”, afirma Giuseppe Marrara, diretor de Relações Governamentais da Cisco.
Reação rápida e massiva
Dezenas de outras empresas de tecnologia, mídia e telecomunicações também responderam rapidamente à declaração de pandemia. Ao mesmo tempo em que bilhões de pessoas se acostumavam a uma rotina de reclusão, as empresas tomavam medidas como derrubar barreiras de acesso a programas de colaboração, auxiliar ONGs e governos envolvidos em proteger a população e compartilhar conteúdos de informação e entretenimento gratuitamente. As estatísticas de audiência mostram que essas medidas não só foram essenciais para o mundo corporativo seguir girando como aprofundaram ainda mais a conexão de consumidores, usuários, assinantes e empresas com as organizações dos setores de TMT.
A plataforma de videoconferência Zoom suspendeu o limite de tempo para uso da ferramenta por parte de escolas, em diversos países, para que os alunos pudessem assistir às aulas de casa. Mesmo sob críticas às suas políticas de privacidade, a companhia viu o tráfego da sua página de downloads crescer 535% em março, segundo o jornal britânico The Guardian. Outro player fundamental no campo dos recursos de trabalho colaborativo, a Microsoft liberou gratuitamente, por seis meses, seu aplicativo de conversas, reuniões e compartilhamento de arquivos, o Teams. Gestores de escolas podem baixar uma versão especial do pacote Office, que abrange o Teams e outros programas, para aplicação em atividades educacionais. “Manter as equipes conectadas enquanto trabalham remotamente significa, neste momento, apoiar a saúde e a segurança pública”, diz Mariana Hatsumura, diretora de Ambiente de Trabalho Moderno da Microsoft Brasil.
Já nas telecomunicações, a Embratel criou um pacote especial de soluções para empresas que estão adotando a quarentena (veja quadro abaixo). Em São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, a Vivo permite ao Governo Estadual consultar informações sobre a circulação dos cidadãos, obtidas a partir da geolocalização dos celulares. Segundo a empresa, os dados serão visualizados sempre de forma agregada, para conservar o anonimato dos indivíduos. A TIM, por sua vez, fechou uma parceria semelhante com as autoridades fluminenses, e o Governo Federal negocia um acordo nos mesmos moldes com diversas operadoras. A ideia é permitir o monitoramento de aglomerações que possam representar risco de transmissão do coronavírus e a mensuração da obediência às medidas de isolamento.
Vários dos principais grupos de mídia no Brasil também correram para atender ao seu público e foram recompensados. Três dos jornais mais influentes nacionalmente – Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo – aboliram a exigência da senha de assinante para a leitura de notícias sobre a pandemia em seus sites e, com isso, atraíram mais visitantes. Em uma decisão rara, a TV Globo suspendeu a gravação de novelas, para resguardar seus funcionários, e mudou toda sua grade horária para acomodar uma extensão dos programas jornalísticos, o que fez a audiência disparar. Já na seara das redes sociais, Facebook e LinkedIn entraram na onda de solidariedade criando campanhas de apoio a serviços de saúde.
Transição “no susto” não será suficiente
Apesar desse movimento ágil e em bloco das empresas de TMT, a virtualização dos negócios e da convivência social não ocorre de forma completa ou livre de solavancos. Um levantamento da empresa de pesquisa de mercado Forrester mostrou que só 43% dos americanos entrevistados acreditam que suas empresas tinham um plano estruturado para lidar com os efeitos da pandemia sobre suas operações e o trabalho de seus funcionários. Muitas das organizações nunca haviam testado como seus programas funcionariam em um cenário em que todos os empregados trabalham de casa, por exemplo. A própria sobrecarga dos aplicativos de colaboração mais conhecidos levou a reclamações generalizadas de dificuldade de acesso em algumas regiões dos Estados Unidos. Tudo isso pode acarretar perdas de produtividade significativas. No Brasil, a situação de planejamento insuficiente não é muito diferente – o que significa que boa parte das empresas toca o barco, em plena tempestade, na base do improviso.
Há esperança de bons ventos, porém. A sócia-líder da Deloitte para a indústria de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações, Marcia Ogawa, chama atenção para a oportunidade de que as respostas à crise atual tragam legados mais profundos do que ganhos temporários de audiência ou de imagem. Para cumprirem plenamente seu papel social e ajudarem a preparar a economia global para futuros choques, incluindo novas pandemias, as organizações precisarão liderar transformações técnicas e culturais significativas.
A crise abre a oportunidade de voltarmos o olhar paras as tecnologias produzidas no Brasil. Com um ambiente favorável de colaboração entre os setores público e privado, podemos encontrar soluções criativas e virar referência para outros países., Márcia Ogawa, líder da Deloitte para as indústrias de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações.
Primeiro, a própria estrutura de produção dos itens eletrônicos terá de mudar. Quase todos os equipamentos atuais, de celulares a máquinas hospitalares, usam uma ou mais peças fabricadas na China. O perigo dessa concentração é que, se os chineses forem obrigados a parar novamente por causa de um vírus ou uma instabilidade política, o mundo poderá enfrentar escassez de oferta. Nesse sentido, é previsível que o setor ponha em prática um movimento de descentralização da manufatura, que pode beneficiar vários países, inclusive o Brasil. “Podemos voltar a ser uma fonte alternativa de componentes, se empresas e governos investirem em ciência, pesquisa e um ambiente de negócios mais favorável”, explica Marcia Ogawa.
Desafios vão além dos aspectos técnicos
Reforços de infraestrutura também serão necessários. A pandemia evidenciou que, além de ampliarem sua capacidade de atender a uma demanda cada vez maior por transmissão e armazenamento de dados, as corporações de TMT no Brasil precisam acelerar a migração de suas redes físicas, que dependem de antenas, para sistemas virtualizados, que permitem uma flexibilidade maior na resposta a alterações repentinas no padrão de consumo. Essa mudança permitiria servir melhor os clientes mesmo em tempos de normalidade.
Outra porta aberta pela pandemia é a adoção ainda mais intensiva da tecnologia em serviços médicos e de ensino. Ferramentas como inteligência artificial, referenciamento e teleatendimento médico nunca foram tão úteis para a saúde pública e, passada a pandemia, tendem a se consolidar como algo comum no dia a dia dos hospitais (veja quadro abaixo). Na mesma linha, uma parte das instituições e dos alunos que foram forçados a adotar as aulas virtuais deve passar a ver vantagens nesse sistema, o que endossará a aderência a serviços de educação à distância. As organizações de TMT podem aproveitar esses novos comportamentos para expandir seus negócios e, de quebra, contribuir com o desenvolvimento social, se souberem entender as necessidades dos consumidores.
A pandemia realçou também a urgência de a sociedade debater questões éticas e de costumes relacionadas à tecnologia e ao consumo de mídia. A imprensa voltou a ter um papel de porto seguro na busca por informação de credibilidade, mas a sustentabilidade financeira dos grupos jornalísticos ainda é um grande desafio contemporâneo (veja entrevista abaixo). No universo das interações digitais, a boa nova é que Twitter, Facebook e Instagram avançaram na resolução de questões espinhosas durante a crise. “Vimos uma ação mais coordenada e ativa das redes sociais no combate às fake news sobre a pandemia”, afirma Fabio de Miranda, coordenador do curso de Engenharia da Computação do Insper. Enquanto provedoras dos canais e dos conteúdos essenciais para a estabilidade social, as empresas de TMT precisam encorajar o amadurecimento dessas conversas, para que possam navegar em águas mais seguras daqui em diante.
Um norte para as lideranças
Em meio a tantos avanços, desafios e oportunidades, é evidente que muitos executivos das empresas de TMT estão ficando sobrecarregados. Para orientá-los nessa crise e dar uma mão na tarefa de preparar suas empresas para as próximas, a Deloitte produziu o estudo “Pessoas, tecnologia e o caminho para a resiliência organizacional“, que traz um passo a passo do planejamento efetivo em tempos excepcionais.
A publicação vem em boa hora. Depois que a pandemia embaralhou o jogo dos negócios, as áreas de tecnologia, mídia e telecomunicações passaram a brilhar ainda mais. Porém, em uma partida que está só começando, as empresas desses setores terão de mostrar flexibilidade para sustentar o impulso dos negócios.
Empresas de TMT reagem à pandemia
Embratel
A Embratel criou um pacote especial para empresas garantirem o home office de seus funcionários, que une bandas largas potentes, capacidade de armazenamento em nuvem e soluções de segurança cibernética e telefonia, entre outros itens. Também reforçou sua rede de distribuição de vídeos pela internet, que mantém réplicas dos vídeos em servidores de 12 das maiores cidades brasileiras, para melhorar o desempenho do streaming. A medida é importante em tempos de aumento da demanda por educação virtual. “A probabilidade de um aluno abandonar um curso online aumenta quando ele tem uma experiência ruim ao assistir às aulas. Por isso, as instituições que oferecem cursos à distância precisam de uma infraestrutura robusta”, diz Marcello Miguel, diretor executivo de Marketing e Negócios da organização.Vivo, TIM, Claro, Oi e Sky
Clientes dos serviços pré-pagos da TIM e da Claro que consumirem toda sua franquia podem ganhar um bônus diário de 100 MB para continuar navegando, se assistirem a vídeos de conscientização sobre o coronavírus. Vivo, Oi, Sky e Claro liberaram mais canais aos assinantes de suas TVs por assinatura. Governos estão negociando com as operadoras para que ajudem a informar dados não-individualizados do deslocamento de cidadãos, o que pode subsidiar medidas para dispersar aglomerações.Microsoft
A liberação da plataforma de colaboração Teams facilitou as aulas virtuais em escolas de Ensino Fundamental e Médio, como no colégio particular Visconde de Porto Seguro, na zona sul São Paulo. A plataforma já era utilizada em sala de aula para troca de documentos e grupos de trabalho, mas, com a pandemia, passou a ser testada como alternativa para aulas online.Cisco
Além de estender as funcionalidades pagas da plataforma de reuniões virtuais Webex também para os usuários da versão gratuita, a empresa comprometeu-se a destinar US$ 225 milhões em dinheiro, produtos e doações que ajudem na resposta à Covid-19. As ações sob esse guarda-chuva incluem apoio ao Fundo de Resposta da Fundação das Nações Unidas e capacitações virtuais para funcionários de organizações na linha de frente do combate ao coronavírus.TV Globo/Globonews
O canal aberto do Grupo Globo suspendeu atrações de entretenimento e ampliou a programação jornalística para 11 horas diárias ao vivo, enquanto a TV por assinatura chegou a 17 horas diárias de cobertura da pandemia. Na terceira semana de março, com as alterações já em curso, a audiência da emissora deu um salto de 21% em relação às duas primeiras semanas do mês, segundo a Folha de S. Paulo. Já a Globonews alcançou, pela primeira vez, a liderança de audiência entre os canais pagos, ainda de acordo com o jornal paulistano. Em nota à Mundo Corporativo, a TV Globo afirmou que os resultados são “sem dúvida, uma constatação de que as decisões da empresa estão sendo vistas como positivas pelos brasileiros”.Folha de S. Paulo
A eliminação do paywall e o interesse pela cobertura da crise ajudaram o site do jornal a atrair quase 70 milhões de visitantes únicos em março, um recorde para a empresa. Concorrentes nacionais, O Estado de S. Paulo e O Globo também derrubaram barreiras de acesso ao conteúdo, assim como o The New York Times e outros jornais de influência global.
A empresa ativou uma ferramenta para encorajar as doações de sangue no Brasil no período da pandemia. Hemocentros Coordenadores em todo o País agora conseguem notificar usuários da rede social que estejam próximos desses centros e que tenham se registrado na própria rede como potenciais doadores. Mais de 10 milhões de pessoas já se cadastraram, segundo o Facebook. Globalmente, a organização baniu anúncios de máscaras respiratórias, intensificou a suspensão de posts com fake news a respeito da Covid-19 e comprometeu-se a oferecer créditos de anúncio no valor total de US$ 100 milhões, para ajudar até 30 mil pequenos negócios ao redor do mundo cujas atividades estão sendo afetadas pelo coronavírus.
A rede social para contatos de trabalho oferece a empresas de serviços essenciais em tempos de pandemia – como hospitais, clínicas e supermercados – posts gratuitos de vagas de emprego durante três meses, para ajudá-las a encontrar mais rapidamente os profissionais com as habilidades necessárias para desempenharem funções críticas.
Empresas de jornalismo estão brilhando em meio à incerteza, diz professora
Enquanto, para a maior parte dos setores econômicos, o período da pandemia é de redução de danos, para as empresas jornalísticas, o momento é de brilhar. Segundo Pollyana Ferrari, doutora em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo (USP), autora de livros sobre Mídias Digitais e professora do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a demanda por conteúdos confiáveis sobre a Covid-19 está acentuando a revalorização dos trabalhos de checagem, edição e prestação de serviço. Leia a entrevista a seguir.
Mundo Corporativo − Como a senhora avalia o trabalho da imprensa desde o início da pandemia?
Pollyana Ferrari − A imprensa está fazendo um trabalho hercúleo, a ponto de os jornalistas estarem todos esgotados. Redações inteiras estão em home office, mas seguem trabalhando intensamente, a imprensa não parou. A sociedade está percebendo esse esforço e respondendo com grande interesse pelos conteúdos e com gratidão. Assim como agradecemos às equipes médicas, precisamos agradecer a quem está trabalhando na cobertura das notícias sobre a pandemia.
Mundo Corporativo − A imprensa tem cumprido seu papel social nesse cenário de disseminação da Covid-19?
Pollyana Ferrari − O contexto atual é de desordem informacional. Já era assim antes da pandemia, mas isso se agravou com os efeitos da crise. Isso quer dizer que vivemos um período em que há uma intensa disseminação de informações falsas e discursos de ódio. O papel da imprensa, nesse sentido, está sendo fortíssimo. Com a pandemia, começamos a perceber que a imprensa e as agências de checagem cumprem uma função de validação das informações reais, por meio da apuração de qualidade. Isso valia muito para a política, mas a sociedade está notando que esse trabalho tem um valor em qualquer situação, inclusive em questões que se referem à nossa saúde.
Mundo Corporativo − E que valor é esse?
Pollyana Ferrari − Nunca foi tão fundamental ter boas fontes e fazer esse trabalho típico da imprensa democrática e séria, que de fato está sendo feito, ainda que possamos ter críticas pontuais quanto à cobertura da pandemia. Muitas pessoas passaram a perceber que não é possível se informar só pelos grupos de Whatsapp e que só opinião não é suficiente. É preciso conhecer os dados científicos oferecidos por pessoas que estudam o assunto. Além disso, os veículos acertaram ao abrir seus conteúdos sobre a pandemia para qualquer pessoa interessada. Estão cumprindo seu papel de informar.
Mundo Corporativo − Essa revalorização das atividades fundamentais do jornalismo pode trazer mudanças de longo prazo na relação das pessoas com a imprensa?
Pollyana Ferrari − Deve trazer. Quando a gente observa a atuação de uma empresa como a TV Globo, que aumentou o espaço na grade para os telejornais, vemos que existe uma preocupação em oferecer prestação de serviços para o cidadão. O jornalista é um prestador de serviços, mas, por muitos anos, desde o fim da década de 1990, a imprensa foi seguindo um caminho de apostar só em opinião. Foi uma época de valorização dos colunistas, influenciadores e blogueiros, o que, em um certo ponto, levou a um empobrecimento da cobertura. Agora, parece que estamos voltando um pouco mais nossa atenção para a checagem, diante da explosão das fake news. O público parece estar em um movimento de busca por veículos confiáveis e apuração bem feita, e não só por indivíduos dos quais ele gosta, o que é bom para o jornalismo.
Mundo Corporativo − De tudo isso, o que vai ficar?
Pollyana Ferrari − Estamos em um tempo em que decantar a informação tornou-se muito importante. Para além de ouvir um influencer na internet, as pessoas parecem estar buscando novamente a reportagem e a checagem. Aceitar esse tempo para assimilar a informação, que não é o da live e nem o dos vídeos de youtubers, pode ser muito benéfico. Há também mais espaço para pesquisa e análise de dados, até pelas ferramentas tecnológicas que foram surgindo. Ainda é cedo para ter certeza se isso vai se acentuar no longo prazo, mas essa mudança de discurso já se faz notar.