A jornada de transformação financeira das empresas precisa acelerar
Por Isabelle Dassier, sócia de Auditoria & Assurance
Abril | 2023No mundo hiper ágil em que vivemos, se não repensamos constantemente sobre a maneira como o local e a força de trabalho operam, não será possível se transformar. A recente pandemia acabou “jogando por terra” muitas das concepções que tínhamos sobre o modo de se trabalhar, atualizando os modelos e as estruturas operacionais, o que resultou em uma nova alocação de tempo e esforço das equipes. Diante dessa realidade enfrentada pelas organizações — com esquemas de trabalho presencial, remoto e híbrido, além de novas demandas digitais —, tornou-se indispensável a implementação de tecnologias que permitam uma verdadeira transformação do departamento financeiro.
Se antes havia uma resistência na adoção por completo da digitalização dos processos na função financeira, hoje o cenário mudou. Muitas empresas já iniciaram essas mudanças, mas ainda há aquelas que seguem fazendo muitos de seus processos manualmente, seja pela resistência dos times ou por não saber como ou por onde começar.
Por isso, precisamos falar dos benefícios que são geralmente percebidos a partir da automação, explicando como ela é essencial diante do contexto atual.
Benefícios da automação de dados para o ambiente financeiro
Manter dados “trancados” em computadores localizados em escritórios é um cenário que ficou no passado e não permite que os profissionais das áreas financeira e contábil agreguem valor ao negócio. Pessoas trabalhando em locais diferentes precisam ter acesso rápido e seguro aos dados de onde estiverem — portanto, na nuvem – para conseguirem ter velocidade na produção e análise das informações chave da empresa.
É curioso notar que a pandemia derrubou a resistência que muitos tinham em adotar plataformas de nuvem para, entre outros objetivos, reforçar a segurança dos dados financeiros, alinhar-se com a estratégia de TI e ganhar escala com os sistemas de relatórios. Diante disso, é preciso reforçar que as empresas sem automação e uso otimizado de novas tecnologias terão cada vez mais dificuldade para acompanhar as novas demandas, sejam regulatórias ou estratégicas.
Outro fator interessante é a necessidade do processo financeiro acompanhar as rápidas mudanças que começam na captura de informações e seguem até o processamento de dados. Aliás, o uso de big data é cada vez mais presente, especialmente com novos modelos de negócios, fintechs e comércio online, por exemplo.
Tudo isso simboliza a urgência da digitalização dos processos financeiros, seja no fechamento contábil da empresa, nos processos recorrentes, nas ações mensais e trimestrais, ou na produção de relatórios para demonstrações financeiras – inclusive para órgãos reguladores. Em todas essas fases, é preciso abandonar o uso de planilhas simples, reduzindo as intervenções manuais e implementando a automatização.
Uma lista de oportunidades
O custo-benefício de investir nessa digitalização já não é mais questionado. Nos últimos cinco anos, vimos uma rápida evolução nesse setor, que hoje oferece ferramentas para todos os tipos de desafios e bolsos, abrindo portas para muitas oportunidades e trazendo muitas vantagens quase imediatas. Confira algumas delas:
- Ganho de tempo: a eficiência das ferramentas de transformação financeira agiliza processos, reduzindo o esforço manual e o envolvimento de profissionais. Ao conectar plataformas, permite-se que os dados sejam usados em diferentes sistemas e em diversos relatórios ao mesmo tempo — mais uma vez, reduzindo tempo e mão de obra.
- Superação dos processos manuais: com o aumento da quantidade e dos tipos de dados a serem tratados e analisados, digitalização ajuda a superar esses processos que são, muitas vezes, passíveis de erros humanos. A automação evita, por exemplo, inconsistências que podem ocorrer quando se processa manualmente um grande volume de dados.
- Mais transparência: a transformação financeira também atende às novas demandas por mais transparência, vindas tanto da implementação de práticas ESG como de exigências do mercado, dos órgãos reguladores e dos consumidores.
Essa transformação rende vantagens concretas – dados processados mais rapidamente e com maior precisão otimizam entregas e reduzem prazos, diminuindo o desgaste da equipe e as horas extras realizadas. Além de liberar o tempo dos profissionais que fariam relatórios manualmente, podendo se dedicarem no aprimoramento de análises e planejamentos estratégicos.
Além disso, dados mais precisos também ajudam as empresas nas tomadas de decisão e melhoram fluxos de trabalho, criando uma dinâmica mais agradável e mais compatível com as novas gerações.
Assim, é possível dizer que essa jornada de transformação financeira auxilia organizações a ganharem escala para crescer, fortalecer sua resiliência para o futuro e aumentar sua competitividade.
Mapeamento
Para se beneficiar dessas oportunidades, é preciso selecionar serviços que mapeiem com precisão as necessidades das organizações. O time de Assurance da Deloitte, por exemplo, inicia esse tipo de trabalho com um diagnóstico do negócio, analisando os requerimentos de dados, os relatórios e as visualizações necessárias para a empresa. Uma vez que esse mapeamento foi realizado, identifica-se os principais gargalos e desafios enfrentados pelo departamento financeiro. Em seguida, define-se quais são as ferramentas de automação mais indicadas para melhorar a experiência dos usuários responsáveis por preparar os dados financeiros e os indicadores-chave de performance ESG. Além dos ERPs tradicionais, ferramentas como Blackline e Workiva, que foram desenhadas pensando nas necessidades dos profissionais de controladoria, são cada vez mais utilizadas e/ou requeridas pelas empresas brasileiras.
Um dos desafios dessa digitalização é o fato de ser um processo contínuo, que precisa evoluir junto com as novas demandas do mercado e dos órgãos reguladores. Nesse sentido, é importante se beneficiar das tecnologias disponíveis e das que estão surgindo para aprimorar as funções desempenhadas pela área financeira. Por meio das automações, é possível permitir que as intervenções humanas foquem em agregar valor no desenho e na implementação estratégica das organizações.
Mesmo com os recentes avanços no cenário nacional, ainda há muito espaço para melhorias em relação ao investimento em tecnologias financeiras – principalmente quando nos comparamos a outros países. Olhando para o futuro, é preciso acelerar esse processo.
Estamos caminhando para um uso cada vez mais intenso de plataformas de nuvem, consolidação de relatórios em tempo real, adoção de inteligência artificial e outros avanços tecnológicos utilizados para atender às expectativas dos stakeholders.