Profissionais querem medidas sobre mudanças climáticas
Funcionários com forte consciência ambiental podem desempenhar um papel fundamental na aceleração dos planos de sustentabilidade corporativa, mas dados de pesquisa da Deloitte mostram que a liderança poderia atuar mais para envolver toda a sua força de trabalho no processo.
Março | 2024Para enfrentar as mudanças climáticas, serão necessárias mudanças de sistemas e bilhões de modificações individuais: desde a forma como nos locomovemos até o que comemos e como fazemos nosso trabalho. Os pesquisadores da Deloitte têm acompanhado a emergente consciência ecológica do mundo ao longo das gerações, nos níveis de liderança das empresas, entre os funcionários e na sociedade. Uma análise do panorama dos resultados dessas pesquisas mostra que as pessoas com maior consciência climática estão prontas para agir de forma mais sustentável no trabalho e estão fazendo com que suas vozes sejam ouvidas. A liderança está começando a atender ao chamado para a mudança, mas será que estão fazendo o suficiente para envolver todos?
O apelo por ações climáticas e de sustentabilidade está vindo de profissionais de todas as idades
Entre os adultos empregados entrevistados pelo Deloitte Consumer Center em março de 2023 para a pesquisa global “State of the Consumer”, 69% disseram que querem que suas empresas invistam em esforços de sustentabilidade, incluindo a redução de carbono, o uso de energia renovável e a redução de resíduos[1]. Esse sentimento é maior entre os funcionários ouvidos com idade entre 18 e 34 anos, que demonstraram um interesse mais forte em iniciativas de sustentabilidade do que os entrevistados de gerações mais velhas.
Esse desejo por ações sustentáveis entre cerca de um quarto da força de trabalho também está começando a afetar possíveis oportunidades de emprego. Entre os entrevistados da pesquisa ConsumerSignals da Deloitte, 27% disseram que considerarão a posição de um possível empregador em relação à sustentabilidade antes de aceitar um emprego[2]. Esses dados indicam que pelo menos um em cada quatro candidatos a uma vaga investiga o que os possíveis empregadores estão fazendo – ou não estão fazendo – para lidar com os impactos ambientais e podem estar dispostos a tomar decisões de acordo com isso.
Os jovens, em particular, tendem a acreditar que podem ser uma força poderosa para a mudança no trabalho. De acordo com a mais recente pesquisa da Deloitte sobre as gerações Z e millennials, que entrevistou uma amostra globalmente representativa de mais de 14.000 pessoas da geração Z e 8.000 millennials (adultos com idades entre 18 e 40 anos) de 44 países, 64% dos entrevistados acreditam no poder que têm para promover mudanças organizacionais e que suas organizações estão ouvindo e incorporando feedback[3]. Isso significa que, à medida que os jovens funcionários entram no mercado de trabalho, muitos não apenas têm uma forte consciência ambiental, mas também esperam que seus empregadores respondam às suas sugestões.
A inação em relação ao clima e à sustentabilidade também está afetando a satisfação no trabalho
Essas mudanças nas expectativas dos funcionários podem ter um lado negativo para as empresas que não estão levando em conta a sustentabilidade. Entre os entrevistados da pesquisa ConsumerSignals da Deloitte, cerca de um quarto considerou a possibilidade de trocar de emprego para trabalhar em uma empresa mais sustentável.
Os líderes reconhecem que os funcionários estão entre os stakeholders mais importantes
De acordo com uma pesquisa da Deloitte com mais de 2.000 líderes do C-level, o moral, o bem-estar, o recrutamento e a retenção de funcionários estão entre os maiores benefícios de seus esforços de sustentabilidade até o momento. Isso reforça as conclusões da pesquisa da ConsumerSignals sobre a importância da sustentabilidade para a satisfação e a retenção dos funcionários.
O ativismo dos funcionários está começando a influenciar os esforços de sustentabilidade das empresas
Essa demanda por ação parece estar surtindo efeito. Entre os entrevistados da pesquisa da Deloitte, o ativismo dos funcionários é um importante impulsionador da ação corporativa em relação à sustentabilidade, com 80% dos líderes do C-level relatando que seus funcionários já impactaram seus planos de sustentabilidade, ou o farão em breve[4].
De fato, 59% de todos os líderes ouvidos disseram que o “ativismo dos funcionários” fez com que eles aumentassem seus esforços de sustentabilidade no ano anterior, sendo que 24% descreveram o impacto como “significativo”.
Uma medida que muitas empresas estão tomando é investir em treinamento: 50% dos líderes entrevistados pela Deloitte disseram que já estão instruindo os funcionários sobre sustentabilidade e mudanças climáticas, e outros 41% planejam lançar um programa desse tipo nos próximos dois anos.
No entanto, os funcionários dizem que ainda não estão vendo ações climáticas “suficientes” no local de trabalho
Embora os planos de sustentabilidade estejam ganhando força, apenas 38% dos entrevistados pela Deloitte concordam que seu empregador “está fazendo o suficiente para lidar com as mudanças climáticas e a sustentabilidade”. A maioria dos entrevistados é neutra ou está insatisfeita com os esforços que tem visto até agora.
A liderança não tem conversas regulares com funcionários sobre sustentabilidade
Também pode haver espaço para as organizações iniciarem um diálogo com seus profissionais sobre as mudanças climáticas e a resposta da empresa a elas. De acordo com a pesquisa ConsumerSignals, 45% dos funcionários nunca conversaram com seus gerentes ou supervisores sobre práticas sustentáveis no trabalho.
Empregadores têm a oportunidade de aumentar a satisfação e acelerar o impacto ao envolver funcionários em questões climáticas e de sustentabilidade
A liderança das empresas não deve considerar seus funcionários ambientalmente conscientes como algo garantido. Eles podem emprestar suas habilidades e conhecimentos para resolver problemas comerciais relacionados ao clima, sinalizar possíveis questões e ajudar a catalisar mudanças organizacionais profundas.
Para atraí-los melhor, as organizações podem se comunicar com frequência sobre seu compromisso com a ação climática, fazer mudanças tangíveis e materiais nas operações da empresa e investir em aprendizagem e desenvolvimento que capacitem os funcionários a contribuir. As empresas devem fazer com que os funcionários participem ativamente de seus programas climáticos e de sustentabilidade e oferecer a eles oportunidades de compartilhar feedback por meio de diálogos e fóruns que possam levar a mudanças. Embora algumas iniciativas conduzidas pelos funcionários – como a eliminação de plásticos de uso único ou o aumento da reciclagem, por exemplo – possam não gerar o maior impacto sobre as emissões, a resposta a essas sugestões pode criar lembretes visíveis do compromisso da empresa com a sustentabilidade.
E, à medida que o clima continua a mudar, os funcionários e os consumidores estão procurando ver se as empresas estão se preparando de fato para enfrentar o desafio.
[1] The Deloitte State of the Consumer survey was an online panel of more than 23,000 respondents in 23 countries, with responses concentrated in North America, Europe, East Asia, and South Asia. The questionnaire has been revised and is now being fielded as the ConsumerSignals survey. View in Article
[2] The Deloitte ConsumerSignals survey is an online panel across more than 20 countries, with responses concentrated in North America, Europe, East Asia, and South Asia. Each country-level data set represents approximately 1,000 adults (18 and older), more than 20,000 in total. The results included in this report were collected between March 23-30, 2023, and between Sept. 21-27, 2023. View in Article
[3] Deloitte’s Gen Z and Millennial Survey reflects the responses of 14,483 Gen Zs and 8,373 millennials (22,856 respondents in total), from 44 countries across North America, Latin America, Western Europe, Eastern Europe, the Middle East, Africa, and Asia Pacific. The survey was fielded between Nov. 29, 2022 and Dec. 25, 2022. As defined in the study, Gen Z respondents were born between January 1995 and December 2004, and millennial respondents were born between January 1983 and December 1994. View in Article
[4] The Deloitte 2023 CxO Sustainability Report was conducted among 2,016 C-level executives by KS&R Inc. and Deloitte, between September and October 2022. The respondents represent 24 countries: 48% from Europe/Middle East/South Africa; 28% from the Americas; 24% from Asia Pacific. All major industry sectors were represented in the sample. View in Article
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer a Meredith Mazzotta, Lesley Stephens, Stephanie Anderson, Blythe Aronowitz e Aditi Vashishtha pelo apoio no desenvolvimento deste artigo.