Novos desafios no combate a crimes financeiros
Se, por um lado, a inovação no sistema financeiro tem trazido mudanças positivas para o setor, ainda há preocupações com segurança cibernética, proteção de dados e prevenção a crimes a serem superados.
Julho | 2023A tecnologia tem sido um dos principais impulsionadores da transformação e inovação no sistema financeiro brasileiro na última década. Com a crescente digitalização, evolução das FinTechs e atuação do Banco Central na vanguarda da inovação, as operações bancárias têm passado por impactos positivos que facilitam e aceleram as transações de forma que a maneira como os agentes financeiros operam, se relacionam com os clientes e gerenciam suas carteiras também têm se transformado rapidamente, impulsionada por estas mesmas tendências tecnológicas do mercado e do regulador.
Nos últimos anos, temos experimentado em nosso dia a dia toda a facilitação que a inovação no sistema financeiro possibilitou, a partir de recursos como Pix e Open Finance. Para se ter ideia, de acordo com um levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Pix já é usado por mais de 70% dos brasileiros, com índice de aprovação de 85%. Enquanto o Banco Central pretende desenvolver novos recursos para ampliar ainda mais o Pix, a entidade também visa implementar o Real Digital, que é a extensão da moeda nacional física.
Atenção crescente a fraudes
Essas inovações no sistema financeiro brasileiro trazem benefícios claros, como maior inclusão, monetização de dados e conveniência e agilidades nas transações. Por outro lado, ainda há desafios e preocupações com segurança cibernética, proteção de dados, regulação e prevenção a crimes.
Entre os principais tipos de fraudes em operações financeiras digitais estão:
- Roubo de identidade para realizar operações financeiras através de golpes;
- Apropriação indevida de carteiras eletrônicas e questões relativas ao acesso e propriedade de carteiras de ativos digitais (account take over);
- Envolvimento de empresas de fachada e contas bancárias abertas por terceiros;
- Uso de identidades falsas ou dados Know Your Customer (KYC) roubados.
A partir dessas ações, os criminosos obtêm recursos ilícitos para, entre outras coisas, financiarem outras operações, como o financiamento ao terrorismo, além da devastação que estas ações causam na vida dos cidadãos de paz e integridade. Diante deste cenário, o Banco Central busca também atuar em prol da segurança a partir do combate às fraudes no sistema financeiro e o combate à lavagem de dinheiro.
Recentemente, a Deloitte e o Instituto de Finanças Internacionais (Institute of International Finance) publicaram um estudo sobre a estrutura global para combate a crimes financeiros, com insights para aprimorar a eficiência e melhorar resultados:
- Melhorias sistêmicas globais para a gestão de sete riscos de crimes financeiros;
- Parcerias público-privada;
- Aprimoramento da troca de informações no âmbito nacional e internacional;
- Aperfeiçoamento da qualidade e uso de dados;
- Reformas ao sistema de comunicações de situações suspeitas às unidades de inteligência financeira;
- Como mitigar a implementação inconsistente e incoerente de padrões e orientações de Compliance de combate a crimes financeiros;
- Aumento e melhoria no uso de tecnologia para o combate a crimes financeiros.
A análise destaca a importância de uma mudança sistêmica no combate a crimes financeiros, com regulamentações atualizadas, que possam apoiar as instituições na gestão cotidiana desses riscos. Esse movimento é essencial para o desenvolvimento pleno do potencial de inovação do setor.