Presente e futuro, ao mesmo tempo
Para CEO da Deloitte, a complexidade do mercado impede visões estratégicas unilaterais. É preciso dinamismo e flexibilidade, de forma estruturada, para acompanhar as transformações.
Dezembro 2019 | Fevereiro 2020A imagem de um transatlântico, por muito tempo, representou as dificuldades das grandes corporações em ajustar suas rotas. Ainda é real, mas anda desgastada – e o ideal é que fique para trás. De fato, até hoje, muitas decisões estratégicas são tomadas como se houvesse apenas duas opções: avançar quando a economia vai bem, desacelerar para ajustes quando a economia retrai. As revisões feitas na baixa têm o benefício de entregar negócios mais eficientes aos tempos de bonança. Há, porém, complexidade demais no mercado para seguir operando assim. A longevidade das empresas depende de uma visão estratégica estruturada, dinâmica e flexível, que alterne o olhar para o futuro com uma visão mais imediata, quase simultaneamente. Curto e longo prazos são pensados juntos e ficam em constante revisão. Abre-se, aí, outra alternativa: crescer, independentemente da economia – ou em acordo com ela.
Equilibrar várias hipóteses e garantir estratégias que se moldem ao que vier são exercícios delicados, que exigem ajustes finíssimos. Esse tema é bastante explorado nesta edição de Mundo Corporativo. Para ajudar a apontar caminhos, a Deloitte também lançou a “Agenda 2020”, um levantamento realmente abrangente, com empresas que faturam, juntas, o equivalente a cerca de metade do PIB brasileiro. Seus tomadores de decisão previram investimentos para diferentes cenários, que podem se desdobrar em 2020. Em sua maioria, estão otimistas. Há investimentos a fazer em qualquer horizonte, como em tecnologia e capacitação, e outros, como ampliar unidades de produção e contratar mais, que devem sair do papel se o melhor se revelar.
Antever curto, médio e longo prazos e planejar-se para eles é essencial. Soma-se a essa tarefa, agora, a possibilidade de melhorar a rota pelo caminho. A Deloitte tem o compromisso de ajudar a conduzir a transformação nos mercados. No Brasil, temos negócios resilientes, e as crises recentes só reforçaram essa habilidade. Disrupturas mundo afora, porém, continuam a ganhar corpo e velocidade. Desenvolveremos então, mais do que nunca, a capacidade de mudar.
Altair Rossato
CEO da Deloitte