O impacto da IA generativa nos negócios

A GenAI marca o início da próxima revolução de produtividade. Por esse motivo, além de ficar de olho nas principais tendências que chegam ao mercado em ritmo exponencial, as empresas devem preparar as suas operações para as mudanças que se descortinam com a ascensão de uma tecnologia que vai revolucionar a forma de trabalhar. É o que acredita o líder de Generative AI Market Activation, da Deloitte Global, Francisco Barroso.

Em entrevista para a Mundo Corporativo, Barroso fala sobre as principais iniciativas na área e como as organizações devem traçar uma estratégica centrada no ser humano para desbloquear o potencial tecnológico da GenAI, visando benefícios não apenas para os negócios, mas para a sociedade em geral.

MC: Você poderia nos dizer quais são as principais tendências da GenAI para os próximos anos?

Embora os esforços atuais em IA generativa permaneçam focados em benefícios táticos, como melhorar a eficiência, a produtividade e a redução de custos, esperamos ver a maioria das organizações expandir e escalar seu uso para focar melhorias mais inovadoras, estratégicas e transformadoras.

Novas tecnologias serão usadas para impulsionar o crescimento e a diferenciação e vantagem competitiva, seja gerando novos produtos, serviços e recursos que só poderiam ser feitos com IA generativa. À medida que a GenAI amadurece, ela permitirá novos modelos de negócios e formas de trabalhar em uma empresa.

A inteligência artificial generativa marca o início da próxima revolução de produtividade. Sua rápida ascensão significa que as organizações precisam agir agora e se preparar para que possam se beneficiar totalmente da tecnologia.

MC: Quais são os principais desafios que as empresas enfrentam atualmente para implementar a GenAI de forma eficaz e gerar valor para seus negócios?

Vemos um desafio duplo semelhante em todo o mundo: entender as possibilidades e os riscos com a GenAI e preparar sua organização para a mudança inevitável que ela traz.

Para desbloquear o potencial da IA generativa e obter valor significativo, devemos considerar recursos adicionais e aprimorar os existentes para incorporar efetivamente barreiras de proteção e industrializar soluções de inteligência artificial.

Com a rápida adoção das soluções de IA generativa, ter características como adaptação, experimentação e agilidade é fundamental. As empresas precisarão trabalhar para impulsionar a alfabetização em IA em todos os níveis da organização. Em paralelo, eles também precisarão ganhar experiência com uma variedade de tecnologias de GenAI. A chave é manter a mentalidade e a curiosidade de um iniciante , pois dada a rápida mudança da tecnologia, sempre haverá muito mais para aprender.

MC: De acordo com o estudo da Deloitte “O estado da IA generativa no ambiente empresarial“, as áreas de talento, governança e riscos são as mais críticas dentro de uma empresa para a implementação da GenAI. Como as organizações estão contornando essas barreiras e adaptando suas estruturas para uma jornada de sucesso?

Ao definir uma estratégia tecnológica, muitas vezes o risco e a regulamentação recebem uma parcela menor de atenção do que suas contrapartes de vendas, propriedade de mercado e inovação, porque são vistos como componentes de “marcação de caixa” em vez de componentes “geradores de valor”. Controle e gerenciamento de riscos não podem mais ser uma reflexão tardia para as organizações e precisam ser incorporados em sua estratégia.

Preocupações sobre os riscos da inteligência artificial generativa, incluindo a necessidade de gerenciar alucinações e vieses de modelo, avaliar possíveis problemas de propriedade intelectual e garantir transparência e explicabilidade. Essas questões enfatizam a importância de manter os humanos informados para trabalhar com IA, verificar sua precisão e resolver quaisquer problemas que surjam.

MC: Como a GenAI está impactando o futuro do trabalho e como a força de trabalho deve se preparar?

É importante ter em mente que a IA generativa não foi projetada para substituir os humanos, mas está prestes a mudar a forma como nós trabalhamos. Idealmente, a GenAI pode impulsionar a inovação, a produtividade e os resultados, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho das pessoas. Ao reconhecer quais tarefas podem ser automatizadas, quais podem ser ampliadas, quais terão impacto limitado e quais novas tarefas podem surgir, os líderes organizacionais podem elaborar estratégias para navegar pelos desafios e oportunidades colocados pela GenAI e determinar que tipo de qualificação será necessária para os trabalhadores no futuro.

Atributos inatos como inteligência emocional, pensamento crítico, liderança e resolução de problemas complexos são todos desafiadores para as máquinas imitarem. O impacto para os trabalhadores é provavelmente uma história de aumento versus substituição, mas a IA ainda representa uma ameaça potencial para certas profissões e os medos em torno da automação completa do trabalho são reais e válidos.

MC: Quais são as habilidades que as lideranças precisam desenvolver durante essa transformação tecnológica e como a GenAI poderia ajudá-las?

Os líderes devem continuar a orientar suas organizações com uma visão e estratégia claras, com a GenAI em mente. O importante é criar e gerenciar uma estrutura que se concentre e apoie o papel da liderança na orientação de mudanças induzidas por IA generativa. Essa estrutura deve:

• Ser visivelmente comprometida com uma estratégia de IA generativa
• Defender os benefícios da GenAI
• Abordar abertamente preocupações, riscos e resistências
• Promover um ambiente seguro para experimentação e aprendizagem
• Implementar diretrizes e governança para o uso de IA generativa

MC: Qual o poder de transformação social que você enxerga para a IA generativa e como as empresas estão se preparando para isso, seja na forma de se comunicar com os clientes ou oferecer novos serviços?

Estamos atualmente na era dos humanos com máquinas para transformar e elevar o local de trabalho. As equipes podem fazer a transição de tarefas repetitivas e se envolver em um trabalho mais significativo e orientado a valores. Não se trata apenas de automatizar tarefas; trata-se de reimaginar a essência do trabalho.

Os líderes devem orientar suas organizações com visão, adaptabilidade e um profundo compromisso com o progresso, adotando a mentalidade de pesquisador para ajudar a garantir que a integração da GenAI seja estratégica, centrada no ser humano e adaptável. Essa abordagem promete um ambiente de trabalho mais significativo e próspero para indivíduos, equipes e sociedade em geral.