Jornada ESG e o papel do auditor externo no processo de adequação às regulações e normas de divulgação
Entenda como garantir o compliance das informações ESG para reforçar a credibilidade da empresa
Julho | 2023Entre as principais preocupações e prioridades mundiais – sejam de organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) ou de reguladores do mercado de capitais como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Securities & Exchange Commission dos Estados Unidos (SEC) e a European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) – a mensagem é a mesma: como adotar práticas sustentáveis nos aspectos ambiental, social e de governança (Environmental, Social and Governance – ESG, em inglês) e gerar impactos positivos no mundo?
Para as empresas que desejam se manter competitivas a longo prazo, é fundamental que reavaliem seu modelo de negócio e seus aspectos operacionais considerando a perspectiva dos temas ESG. Isso porque os aspectos sob esse prisma passaram a fazer parte da gestão de riscos das organizações, além de ser uma forma de criar e preservar valor para as gerações futuras.
No entanto, para que essa jornada seja bem-sucedida, é preciso que cada organização determine quais serão suas práticas em cada um dos pilares da sigla ESG — sempre levando em consideração o estágio em que ela se encontra, seus desafios, suas metas e o acompanhamento do plano de maneira consistente e estruturada. Entre os principais desafios desse processo estão:
- A mensuração dos custos atrelados às iniciativas ESG;
- As análises de impactos e os requerimentos regulatórios;
- A implementação de melhores práticas;
- O preparo de informações para acessar e se manter no mercado financeiro e de capitais.
Como esse caminho precisa ser traçado em compliance com as regulamentações vigentes, é crucial o envolvimento de especialistas e auditorias externas experientes no processo de asseguração dessas informações.
Especialistas e auditores podem colaborar em quatro grandes áreas para a adequação aos requerimentos de divulgação relacionadas à ESG:
- Definição de propósito: mapeamento do grau de maturidade ESG da organização, analisando os temas materiais relevantes e alinhando sua estratégia para integrar aspectos de responsabilidade socioambiental às prioridades do negócio – tais como mudanças climáticas, direitos humanos e diversidade.
- Implementação: definição de um plano de ação para colocar em prática as metas estabelecidas pelos órgãos de governança e por reguladores, com o objetivo de realizar uma avaliação dos indicadores de desempenho (KPIs) e adoção um framework de divulgação reconhecido e/ou mandatório. Alguns exemplos desses frameworks são as normas internacionais criadas pela International Sustainability Standards Board (ISSB) para consolidar as regras relacionadas à sustentabilidade e mudanças climáticas, principalmente com o lançamento dos normas IFRS S1 (relacionadas à sustentabilidade) e IFRS S2 (relacionadas ao clima), além de complementar o Global Reporting Initiative (GRI) e alinhar os requerimentos à Task force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) e Carbon Disclosure Project (CDP). Esse processo de implementação é complexo e o apoio de um especialista para a escolha do framework mais apropriado é fundamental para otimizar os esforços da organização.
- Divulgação: integração dos aspectos de sustentabilidade e ESG ao dia a dia da empresa com o objetivo de realizar a mensuração dos indicadores estabelecidos na fase anterior, acessar novamente os temas materiais e preparar os relatórios financeiros e de sustentabilidade de maneira integrada e de acordo com as normas e frameworks aplicáveis. A fase de divulgação é a mais crítica da jornada, pois é neste momento que os stakeholders têm acesso às informações da organização para a tomada de decisões e ações, e é quando a empresa pode se expor a alguns riscos – de não compliance com requerimentos regulatórios, exposição de imagem, responsabilidade civil ou divulgação fraudulenta. A implementação de controles e processos apropriados é fundamental para mitigar esses riscos e evitar o greenwashing.
- Avaliação independente: a avaliação de um auditor independente é fundamental para a credibilidade das informações por meio dos procedimentos de asseguração. A garantia de alguns desses dados tem se tornado uma exigência do mercado de capitais, como é o caso da divulgação do Relato Integrado para empresas com registro na CVM e dos formulários regulatórios da SEC para informações relacionadas a ESG a partir de 2024 (por exemplo SEC 20-F, SEC 10-K etc.).
É indiscutível que essa jornada traz diversos desafios, começando pela dificuldade em reportar as informações relacionadas a ESG de forma alinhada às informações financeiras da organização. Por isso, contar com profissionais experientes e com a asseguração de um auditor externo é fundamental para oferecer mais segurança e credibilidade à empresa.